Mas
o que significa educar? Transmitir um certo número de padrões
sócio culturais? Instruir? Promover ou acompanhar o desenvolvimento
fisico-intelectual da criança? Dar amor? Dentro da concepção
comum, já teríamos definido plenamente o conceito de Educação.
Porém, espiritamente falando, não tocamos nem de perto o
cerne da questão. Em torno dos binômios lar-escola e pais-mestres,
há uma infinidade de considerações a serem feitas.
Educar é desenvolver, cultivar, fazer brotar,
numa palavra: elevar. Educar é fazer crescer, não unilateralmente,
mas em toda a integridade física e espiritual.
Para que haja Educação no verdadeiro sentido do termo, impõe-se-nos
antes de mais nada duas premissas básicas: amor e auto-educação.
Amar para educar e auto-educar-se para amar. Ninguém pode aperfeiçoar
se não procura cultivar em si a obra da evolução.
E esta dupla atitude de amor a auto-educação
deve ser um denominador comum para pais e mestres. Quem disser que aos
pais basta amar e aos mestres instruir, está redondamente enganado.
Quantas vezes o amor não se degenera em egoísmo feroz, em
mimo exagerado, em excesso de zelo ou em tirania doméstica, justamente
pela falta de esclarecimento dos pais? E a relação mestre-aluno
não é, na maioria das vezes, árida transmissão
de informações em que não ocorre um real enriquecimento
pela ausência do amor?
Neste sentido, é necessário que haja um
relacionamento PROFUNDO, INTENSO, AMOROSO entre educador e educando. Necessário
que exista o Diálogo. Um dos maiores filósofos de todos
os tempos - Sócrates - ensinava aos seus discípulos por
meio do diálogo. Induzia-os pela conversação a chegarem
ao conhecimento, de tal maneira que sentiam ter achado o caminho por si
mesmos, sem que ninguém lhes impusesse nada. Recorde-se também
de Jesus, ao pregar para a mulher ao pé da fonte de Jacó,
ao contar a parábola do bom samaritano ao doutor da lei. O Mestre
indagava, dialogava: "Qual destes três te parece o que foi
o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões?"
(Lucas, X:36). O Livro dos Espíritos, a viga-mestra da Nova Revelação,
é todo em forma de diálogo. Pela primeira vez, o ser humano
se debruça sobre o Além e, com alto sentido de pesquisa
e racionalismo, conversa face a face com a Imortalidade.
O monólogo é autoritário, entediante
e pobre. O diálogo enriquece, desperta, produz.
O professor deve descer de seu pedestal de dono da porta
do conhecimento para deixar que o aluno possua a chave. A escola tem de
proporcionar ao educando a faculdade de questionar, pesquisar e chegar
ao conhecimento e não meia dúzia de fórmulas e conceitos
que, depois de algum tempo, a memória não consegue mais
reter.
Ensinar dialogando requer humildade, paciência,
criatividade. Humildade para se colocar ao lado e não acima do
aluno, paciência para ouvi-lo e criatividade para inventar sempre
novas e diferentes maneiras de buscar o fio condutor do diálogo.
Em uma palavra, é preciso idealismo e amor, o que infelizmente
não é muito encontrável em professores frustrados
e sem vocação.
Para se dar uma aula de verdade, não bastam uma
boa dicção, uma lousa e um giz. E necessário despertar
primeiro a curiosidade e o interesse dos alunos para o que vai se aprender.
E indispensável fazê-los sentir a utilidade e a fascinação
do assunto em pauta. Passear com eles, pelo mundo do saber, com entusiasmo
e paixão. E, acima de tudo, fazer com que saibam, o quê e
por quê estão aprendendo. Proporcionar-lhes uma visão
de conjunto e não fragmentos feitos de fórmulas esparsas
e conceitos no espaço.
O professor possui o poder mágico de acender
ou apagar para sempre no aluno, o amor ao estudo. E esse amor não
pode ser imposto por sermões, ameaças e advertências.
Mas deve ser estimulado através de uma didática eficaz,
temperada de diálogo e paixão.
Os
Espíritos só entram na vida corporal para se aperfeiçoarem,
para se melhorarem. A delicadeza da idade infantil os torna brandos, acessíveis
aos conselhos da experiência e dos que devam fazê-los progredir.
Nessa fase é que se lhes pode reformar os caracteres e reprimir
os maus pendores. Tal o dever que Deus impôs aos pais, missão
sagrada de que terão de dar contas. (O Livro dos Espíritos,
perg. 385).
Um
dos ingredientes da Educação deve ser a liberdade, para
que seja dada à criança a oportunidade de desenvolver seus
interesses, no seu ritmo, interagindo com o professor, com os colegas,
com o meio ambiente, com o conhecimento em si. Liberdade porém,
sendo o clima em que deve se desenvolver a Educação, não
significa abandono da função pedagógica, por parte
do educador, mas urna mudança em seu papel. (A Educação
da Nova Era - Dora Incontri, pág. 138-139).
Desde que haja liberdade, oportunidade para o imprevisto,
para os interesses individuais, para a busca aberta do conhecimento, devem
ficar abolidos os métodos prontos, a mecanização
dos conteúdos, que são jogados á criança sem
que ela saiba para quê, por quê e de onde vêm... Portanto,
dentro de uma proposta construtivista, não há um método
de ensino e conteúdos rígidos. Os professores também
devem ter liberdade de ação e proporcionar esse desenvolvimento
dos alunos, criando seus métodos, de acordo com as circunstâncias,
de acordo com o assunto, de acordo com a reação dos alunos
e das variaveis imprevisíveis de um processo verdadeiramente educacional.
( A Educação da Nova Era - Dera lncontri,pág. 1 39).
O Educador deve passar por uma espécie de "conversão",
para mudar sua visão a respeito do papel que desempenha na Educação.
Tem de renunciar a postura cômoda e autoritária de receber
programas prontos e passá-los de maneira burocrática às
crianças, que devem desenvolver esse conteúdo nas provas.
Deve ter outra visão da criança, enxergá-la como
um ser pensante, digno de respeito, que têm direito ás suas
opiniões e escolhas. Deve transformar suas aulas numa vivência
estimulante para si mesmo e para os alunos. Um professor imbuído
de tais idéias, entusiasmado com as possibilidades de uma Educação
que investe no desenvolvimento autônomo de cada um, desperta sua
criatividade e iniciativa para produzir formas novas de ensino. (Educação
da Nova Era - Dora Incontri)